Obesidade infantil e a linha tênue para a doença renal crônica

Publicado em 24 de outubro de 2018 por Nayra Andrade.

O aumento de peso da população é uma realidade e a obesidade infantil vem se tornando um problema público de saúde. O número de obesos com idade entre cinco e dezenove anos cresceu mais de dez vezes nas últimas quatro décadas. De acordo com um estudo realizado pelo Imperial College London e a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 1975 e 2016 o número de crianças e adolescentes obesos em todo o mundo passou de 11 milhões para 124 milhões. No Brasil, a estimativa atual do Ministério da Saúde é de que 33% das crianças brasileiras, entre 5 a 9 anos, estejam acima do peso. 

Além de todos os problemas físicos que o excesso de peso acarreta, ele ainda pode abrir portas para patologias sérias, como o diabetes e a hipertensão, danificando órgãos e ocasionando doenças renais crônicas. De acordo com os dados, crianças com sobrepeso têm mais chances de chegar à vida adulta sofrendo de obesidade, o percentual aproxima-se de 80%. Esses números alarmantes despertam a preocupação dos médicos nefrologistas, pois a criança obesa hoje pode se tornar um adulto com doença renal crônica no futuro.

Segundo Sérgio Veloso Brant Pinheiro, professor do departamento de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, os mesmos fatores de risco para a obesidade estão associados ao desenvolvimento da doença renal crônica, incluindo: alimentação inadequada, sedentarismo, estresse, alterações metabólicas e hipertensão arterial. “A doença renal crônica é uma condição médica grave cada vez mais comum em pacientes com obesidade e está relacionada à piora da qualidade de vida e redução da expectativa de vida desses pacientes”, afirma.

Ainda de acordo com Pinheiro, é estimado que para cada paciente com diagnóstico de doença renal crônica, existem cerca de 20 indivíduos que dispõe da doença sem pressupor, pois é insidiosa e por muitas vezes apresenta sintomas somente com a função renal muito prejudicada.

“Nesse contexto, muitos pacientes com obesidade podem desenvolver doença renal crônica sem apresentar sintomas. A doença renal crônica deve ser suspeitada nesses pacientes, quando se detecta aumento da pressão arterial, alterações em exames de sangue (basicamente ureia e creatinina), alterações em exames de urina (aparecimento de proteínas na urina) ou alterações em exames de imagem (ultrassonografia dos rins e vias urinárias). ”

A disfunção renal exige tratamento com implicação em vários aspectos da vida, desde mudança de dieta alimentar a medicamentos de uso contínuo. Em casos extremos, pode levar à necessidade de hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal, comprometendo a qualidade de vida dessas pessoas.

Na obesidade infantil, são dados como principais fatores na maioria dos casos a falta de atividade física e da alimentação inapropriada, como excesso de açúcar, farináceos principalmente os refinados, produtos industrializados  e hipercalóricos, por isso é fundamental uma mudança de hábitos para evitar o aparecimento de complicações e doenças graves como a renal crônica. “A prevenção e o controle da obesidade pode reduzir o risco de desenvolver a doença renal crônica. Consequentemente, as mudanças no estilo de vida, como, por exemplo, alimentação adequada, atividades físicas regulares, sono adequado e redução de estresse, podem reduzir muito o risco de doença renal crônica em crianças e adultos e contribuir para uma vida longa e saudável”, explica Sérgio Veloso Brant Pinheiro.

A principal orientação aos pais é que incentivem a prática de exercícios, a alimentação saudável e a ingestão de quantidade adequada de água para a prevenção e combate a obesidade.

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