A importância do nutricionista na doença renal crônica

Publicado em 17 de setembro de 2018 por Nayra Andrade.

O nutricionista é o profissional responsável quando relacionamos alimentação e saúde. Ele contribui para a garantia da qualidade de vida dos pacientes e sua função é ajudar na prevenção e no tratamento das doenças, incluindo as doenças renais.

O acompanhamento nutricional para os pacientes renais é fundamental para mudar os hábitos alimentares, evitando a evolução da doença e suas complicações, que podem ser irreversíveis.

De acordo com a nutricionista Raquel Bacha, especialista em doenças renais crônicas, a saúde, uma vez alterada, como nos casos de diabetes descontrolada ou sobrepeso, pode afetar diretamente os rins.

“Ter uma alimentação 100% natural, baseada em alimentos que qualquer um reconhece como da natureza, como: vegetais, frutas, proteínas animais, gorduras de certos óleos, azeite natural de alimentos, como sementes oleaginosas”, ajuda a prevenir as chances de problemas renais.

Segundo Raquel, manter uma alimentação baseada nos alimentos citados minimiza a chance de altos níveis de glicose no sangue, descontrole da pressão arterial, e até mesmo alterações das frações de colesterol.

Com a falência da função renal, os rins não são mais capazes de eliminar progressivamente do sangue diversas substâncias, como os líquidos e resíduos resultantes da alimentação. Por isso, a atuação do nutricionista de forma personalizada para cada paciente é de extrema importância, seja no tratamento conservador da doença renal, como na terapia renal substitutiva, a hemodiálise.

Ela destaca que é necessário estabelecer níveis adequados de proteína, que deve ser consumida conforme o diagnóstico, o estágio em que a doença se encontra, e de acordo com os parâmetros de exames clínicos que podem sofrer alterações a cada 2 ou 3 meses.

O auxílio individual a cada paciente exclui a possibilidade de uma dieta severa e difícil, uma vez que a cada mês a dieta pode ser adaptada de acordo com a necessidade de cada um. “A proteína pode não ser restrita, pois existem situações em que orientamos o aumento do seu consumo. Além disso, o tipo e a quantidade de carboidratos, combinações em refeições, as fontes de gorduras, um ajuste fino de minerais que possam estar alterados (dependendo da fase da doença), e até mesmo a interferência de medicamentos, podem ser ajustados apenas por meio do acompanhamento nutricional de forma correta.”

No tratamento conservador, as orientações do nutricionista são essenciais para que haja estabilização das funções dos rins, retardando consequentemente a necessidade da hemodiálise. Já no tratamento renal substitutivo, o acompanhamento contribui para a manutenção e recuperação do estado nutricional.

O corpo apresenta necessidades nutricionais e energéticas diferentes, alguns pacientes apresentam catabolismo importante durante as sessões de diálise e frequente queda de apetite, por alterações metabólicas, sendo por isso fundamental que os cuidados alimentares sejam considerados como parte importante da terapia.

Para a especialista em doenças crônicas renais, muitos pacientes do tratamento conservador presumem que a restrição de proteína “salva o rim”.  Já os pacientes em diálise, rejeitam alimentos, como banana, alegando “potássio”. Mas, na verdade, tudo depende do contexto da dieta. “O hábito de simplificar as informações e realizar restrições sem avaliar o que é de fato necessário para a condição clínica e momento, pode interferir na qualidade de vida dos pacientes renais”, afirma.

Sobre a restrição de alimentos e a substituição dos mesmos, a nutricionista esclarece que proteína, potássio e fósforo devem sempre ser monitorados e calculados conforme os parâmetros da doença, exame e estágio em que o paciente se encontra. “A substituição é individual. Retirar um leite de caixinha com proteína animal, sem muito valor, e substituir por um leite de amêndoas, rico em mineral e fonte de gordura é uma boa dica em determinados casos. O que não vale é restringir proteína de forma equivocada. O estímulo por alimentos integrais, que muitas vezes carregam açúcar, como pães e biscoitos, jamais devem ser minimamente fonte de substituição. Esse tipo de alimentação é uma ilusão de saúde. As substituições de proteína, por gordura ou alimentos, sempre devem ser consultadas junto ao nutricionista, para não desequilibrar o plano ideal para aquele momento e situação clínica.”

Respeitar as proporções de cada substância, e compreender como elas afetam o nosso funcionamento renal, é uma dica infalível. Para a nutricionista, é importante respeitar o que cada paciente consegue reformular na alimentação.

Faça o consumo consciente. Alimentação é saúde! Esclareça com seu nefrologista e seu nutricionista todas as dúvidas e participe ativamente de seu tratamento.

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